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Olivia Bulla
Olivia Bulla
Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).
A Bula do Mercado

Dólar para cima, juros para baixo: economia de Guedes

Ministro da Economia, Paulo Guedes, afirma que é bom o país se acostumar com o patamar elevado da moeda estrangeira

Olivia Bulla
Olivia Bulla
26 de novembro de 2019
5:37 - atualizado às 8:36
Lá fora, progresso nas negociações comerciais renova esperanças de um acordo entre EUA e China -

O mercado internacional renova as esperanças de que Estados Unidos e China irão assinar a fase um do acordo comercial ainda neste ano, após relatos de que os representantes dos dois países tiveram uma conversa por telefone - a segunda em duas semanas - e que houve consenso sobre questões relevantes. Mas essa notícia não chega a empolgar os negócios no exterior.

Afinal, os investidores já estão acostumados com relatos de progresso nas negociações comerciais e aguardam ansiosamente pela assinatura em si de um acordo. Por aqui, os investidores também devem se acostumar com juros mais baixos e câmbio mais alto, conforme recomendação do ministro da Economia, Paulo Guedes. No mesmo dia em que o dólar bateu novo recorde, fechando acima de R$ 4,20, ele afirmou que o câmbio de equilíbrio é mais alto.

Segundo o ministro, o patamar elevado da moeda estrangeira deve durar “um bom tempo” e isso ainda não foi compreendido pela maior parte da população. Talvez, por isso, o mercado doméstico vem sustentando uma desvalorização mais acentuada do real, o que vinha sendo justificada pela saída de recursos externos do país, em meio à perda de atratividade pelo diferencial de juros pago no país em relação ao praticado no exterior, entre outros fatores.

Aliás, a chegada do capital estrangeiro, diante da perspectiva de melhora da economia brasileira em 2020, ainda é só uma promessa. Antes, porém, os negócios por aqui tendem a sofrer com a escassez de recursos externos, em um período sazonal de maior procura por dólar e em meio à turbulência na América Latina, agora com os protestos na Colômbia e as eleições presidenciais - ainda indefinidas - no Uruguai entrando no radar.

Mudança na pauta

Talvez, por isso, os investidores estrangeiros têm adiado suas apostas no Brasil, temendo algum risco de contágio dos protestos da região e esperando reflexos da agenda de reformas no crescimento econômico do país. Mas o ministro Paulo Guedes foi além e chamou de "quebradeira" possíveis manifestações de rua contra as reformas propostas pela equipe econômica.

Guedes voltou a ventilar a ideia de "alguém pedir o AI-5", se houver uma radicalização, mas avisou para ninguém se assustar. Já o governo Bolsonaro e o Congresso Nacional consideram mudar a estratégia e adotar uma abordagem “mais social”, de modo a evitar agitação nas ruas nos moldes do que se tem visto nos países vizinhos.

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O objetivo seria discutir e aprovar medidas mais positivas - em termos de popularidade. Tanto que o presidente Jair Bolsonaro já fala em adiar a reforma administrativa - que autoriza cortes de jornada e salários de servidores, bem como propõe o fim da estabilidade de emprego em algumas áreas - diante do receio de uma reação negativa do funcionalismo público.

Isso significa que o texto, prometido para 2019, deve ficar para 2020. Além disso, a saída de Bolsonaro do PSL desestruturou a base de apoio do governo no Congresso, que já não era muito sólida. Diante de tantos ruídos, os investidores ajustam suas carteiras na reta final do mês, buscando um maior equilíbrio entre o cenário turbulento de curto prazo e o horizonte mais promissor à frente.

Exterior em ritmo lento

Lá fora, os mercados globais já se ressentem da menor liquidez nos negócios nos próximos dias, por causa do feriado de Ação de Graças, o mais importante nos EUA, na quinta-feira. Com isso, Wall Street testa o fôlego para esticar o rali recente, um dia após o S&P 500 e o Nasdaq renovarem os níveis recordes. Nesta manhã, os índices futuros das bolsas de Nova York oscilam na linha d’água, com leve alta.

Ou seja, a visão mais positiva dos investidores em relação às negociações comerciais é substituída por uma postura mais defensiva, diante das dúvidas sobre quando um acordo será assinado e se questões mais sensíveis serão contornadas. Os investidores temem que não haja consenso antes de 15 de dezembro, resultando em novas tarifas norte-americanas contra produtos chineses e atingindo em cheio a lista de compras de fim de ano.

Na Ásia, a sessão foi mista, com leves ganhos em Tóquio e oscilações laterais em Xangai. Hong Kong, por sua vez, caiu, apesar do salto de 8% das ações da Alibaba, na estreia dos negócios na bolsa da ex-colônia britânica. As principais bolsas europeia também estão de lado. Nos demais mercados, o petróleo tem leves baixas, ao passo que o dólar mede forças em relação às moedas rivais e o rendimento dos títulos norte-americanos estão de lado.

Agenda sem destaques

A agenda econômica do dia traz dados domésticos sobre o custo e a confiança na construção civil em novembro (8h), além do relatório do Tesouro sobre a dívida pública em outubro (10h). No exterior, também serão conhecidos números do setor imobiliário nos EUA, a partir das 11h, além da confiança do consumidor norte-americano (12h).

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