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Olivia Bulla
Olivia Bulla
Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).
A Bula do Mercado

Mercados sem brilho

Ativos globais se arrastam e caminham para uma semana sem brilho nos negócios, com os investidores buscando um novo catalisador para impulsionar os mercados

Olivia Bulla
Olivia Bulla
11 de abril de 2019
5:40 - atualizado às 6:04
Articulação política em torno da reforma da Previdência e desaceleração global pesam

O presidente Jair Bolsonaro participa nesta manhã de evento com 400 convidados no Palácio do Planalto para celebrar os primeiros cem dias de governo. Mas o mercado financeiro brasileiro está mesmo interessado é na articulação política para tentar aprovar a reforma da Previdência, enquanto o exterior sofre com a desaceleração econômica global.

Nos últimos dias, os ativos globais têm se arrastado, caminhando para uma semana sem brilho nos negócios, que flutuam à espera de novidades. De um modo geral, os investidores estão buscando um novo catalisador para impulsionar os mercados mais arriscados, após um forte começo de ano.

Por aqui, o mercado segue convicto de que a nova Previdência será aprovada no Congresso, mas é preciso avanços concretos no andamento da proposta para empurrar o ativos locais para frente. Já no exterior, pesam os alertas dos bancos centrais dos Estados Unidos (Fed), da zona do euro (BCE) e do FMI sobre a perda de tração da atividade.

Ao mesmo tempo, as incertezas se avolumam. Na Europa, a decisão de estender para outubro a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) mantém o cenário incerto. E quanto mais tempo durar o processo, mas a economia na região tende a sofrer. Na China, a inflação ao consumidor e ao produtor acelerou, no mais recente sinal de estabilização.

O índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 2,3% em março, em relação a um ano antes, ante alta de 1,5% em fevereiro, enquanto os preços ao produtor (PPI) avançaram 0,4%, de +0,1% antes. Os dados ficaram em linha com o esperado e refletem o aumento de preços em alimentos (vegetais e carne de porco) e nos combustíveis.

As bolsas na China lideraram as perdas na Ásia, com Xangai caindo 1,6% e Hong Kong cedendo 1%. Em Nova York, os índices futuros amanheceram no vermelho e as principais praças europeias abriram em queda. Os demais ativos, como o dólar e os bônus, têm oscilação estreita, com as moedas europeias e emergentes ganhando terreno da rival norte-americana, enquanto o petróleo realiza lucros e os metais básicos caem.

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Nova crise

Aqui no Brasil, lideranças do Centrão se movimentam para colocar um obstáculo à votação da reforma da reforma da Previdência na CCJ na semana que vem, antes do feriado. Integrantes do bloco querem primeiro apreciar o Orçamento Impositivo, que fixa um percentual para as emendas parlamentares de bancada.

A medida é de interesse do Congresso Nacional. Uma inversão na ordem de votação das propostas de emenda à Constituição (PEC) na CCJ pode atrasar o cronograma, que já é apertado. O governo trabalhando para iniciar as discussões já na segunda-feira, iniciando a votação até quarta-feira - último dia de trabalho no Congresso antes da folga da Páscoa.

Por isso, o investidor está atento aos encontros do presidente com parlamentares, presidentes de partido e até com a oposição. Na busca pelos 308 votos para a aprovação da reforma, Bolsonaro já avisou que vai apressar a liberação de até R$ 4 bilhões em emendas ainda neste semestre.

Mas até lá, a discussão sobre as novas regras para aposentadoria tende a esquentar, elevando a cautela no mercado doméstico. É na próxima etapa, na comissão especial, que o embate começa para valer, com chances de “desidratação” da proposta original, diluindo o impacto fiscal.

Com isso, ainda há dúvidas sobre o tamanho da economia a ser gerada aos cofres públicos com os gastos com aposentados após a aprovação final das novas regras pelos parlamentares. Para o investidor, quanto mais próxima for de R$ 1 trilhão, como almeja a equipe econômica de Paulo Guedes, melhor.

Ou seja, o mercado doméstico continua vendo a reforma da Previdência como vital para o crescimento sustentável da economia. Aliás, a atividade brasileira tem decepcionado, com os empresários e consumidores adiando tomadas de decisão. A expectativa, então, é de que haja um novo consenso para a previsão do PIB neste ano, ao redor de 1,5%.

Dia de agenda fraca

A agenda econômica faz uma pausa hoje, um dia após uma série de divulgações e eventos de peso. Novos índices de preços em março serão conhecidos nesta quinta-feira, desta vez ao consumidor alemão, logo cedo, e ao produtor norte-americano (PPI), às 9h30.

No mesmo horário, o calendário nos EUA traz também os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país. No Brasil, destaque apenas para a estimativa para a safra agrícola neste ano (9h).
Entre os eventos de relevo, o presidente comanda cerimônia de balanço dos cem primeiros dias de governo logo cedo, a partir das 8h30. Depois, ele embarca para o Rio de Janeiro, onde participa de almoço com chefes dos Poderes e conselheiros evangélicos.

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