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Olivia Bulla
Olivia Bulla
Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).
A Bula do Mercado

Investidor resgata cautela diante de cenário indefinido

Vaivém na guerra comercial e no Brexit deixa o mercado financeiro sem uma direção firme, após a recente volatilidade nos negócios

Olivia Bulla
Olivia Bulla
10 de setembro de 2019
5:48 - atualizado às 7:27
Noticiário local sobre reformas da Previdência e tributária também trazem cautela

O mercado financeiro segue atento ao vaivém na disputa comercial entre Estados Unidos e China, além das turbulências causadas pelo processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o chamado Brexit. Apesar de o ambiente externo seguir predominante, os fatos domésticos também devem influenciar no rumo dos negócios locais.

E os investidores iniciam a sessão de hoje reagindo à notícia de que o primeiro turno da votação da reforma da Previdência no Senado ficou para a quarta-feira da semana que vem (dia 18). A intenção do presidente da Casa, Davi Alcolumbre, era antecipar para esta semana, mas ele próprio deixou a ideia de lado, em meio à falta de acordo entre senadores.

Em outro front, o ministro da Economia, Paulo Guedes, já defende abertamente a volta da CPMF, diante da fragilidade das contas públicas. Segundo ele, o novo imposto, rebatizado de ITF (Imposto sobre Transações Financeiras) deve ter alíquota de 0,2% a 1%, o que permitiria reduzir a tributação na folha de pagamento das empresas e acabar com a CSLL paga pelos bancos. O governo ainda não apresentou formalmente um projeto, mas fala em arrecadar até R$ 150 bilhões por ano com o tributo.

O noticiário doméstico evidencia as dificuldades do governo em avançar com as reformas estruturais para colocar a economia brasileira de volta aos trilhos, em um momento em que os sinais de desaceleração da atividade global são cada vez mais evidentes e espalhados, resgatando a cautela entre os investidores, após a volatilidade recente. Ao que tudo indica, as razões para tanta indefinição não desapareceram, apenas tiraram alguns dias de folga.

Exterior sob pressão

Esse sentimento já foi observado ontem, embutindo oscilações laterais e com pouca definição entre os ativos de risco pelo mundo, em um movimento liderado por Wall Street. Aqui, a Bolsa brasileira fechou em leve alta, subindo mais um degrau na casa dos 100 mil pontos, ao passo que o dólar também avançou, voltando a flertar com a faixa de R$ 4,10.

Tal comportamento sem rumo único se refletiu hoje na Ásia, onde Tóquio subiu, mas Xangai teve ligeira queda, após a inflação ao consumidor (CPI) chinês subir mais que o esperado em agosto, em +2,8%, ao passo que os preços ao produtor (PPI) caíram menos que o previsto (-0,8%). Já Hong Kong ficou de lado.

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No Ocidente, os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram no vermelho, relegando a declaração do secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, de que as conversas entre EUA e China “tiveram muito progresso”. Já o pregão na Europa é contaminado pela nova derrota do primeiro-ministro britânico Boris Johnson.

O Parlamento rejeitou o pedido de convocar eleições gerais antecipadas para 15 de outubro. o que permitiria ao primeiro-ministro uma tentativa de recompor a base de poder. Ao mesmo tempo, a Casa aprovou um projeto de lei, sancionado pela rainha, que impede um Brexit sem acordo em 31 de outubro.

A partir de agora, o Parlamento ficará suspenso até 14 de outubro. Mas, na prática, Johnson está forçado a alcançar um acordo com a UE, ou pedir um extensão de três meses do prazo sobre a saída do Reino Unido, caso não haja nenhum consenso até o dia 19 do mês que vem. Em reação, a libra esterlina e o euro recuam frente ao dólar.

Assim, a cena política rouba a cena no mercado financeiro, no Brasil e no exterior, prejudicando a esperança dos investidores com a capacidade dos bancos centrais de reverter o quadro da economia global. Afinal, uma nova rodada de estímulos monetários a serem lançados neste mês pode não ser suficiente para trazer um cenário de maior clareza.

Agenda sem destaques

O calendário econômico desta terça-feira está carregado, porém sem grandes destaques. No Brasil, logo cedo, saem a primeira prévia deste mês do IGP-M (8h) e a nova estimativa para a safra agrícola neste ano (9h). Já no exterior, será conhecido o relatório Jolts sobre o número de vagas de emprego disponíveis nos EUA em julho (11h).

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