Tensão comercial segue elevada
BC chinês fixa taxa mais baixa para o yuan e interrompe alívio no mercado financeiro, ao passo que bancos centrais pelo mundo começam a agir de modo mais agressivo
O alívio no mercado financeiro ontem foi passageiro e os ativos no exterior têm pouca força para seguir em frente, depois que o Banco Central chinês (PBoC) definiu a taxa de referência diária para o yuan (renminbi) em 6,9996 por dólar, um pouco mais fraca que o esperado. O fato é que as tensões comerciais entre Estados Unidos e China aumentaram desde a última segunda-feira, quando o yuan ultrapassou a barreira psicológica de 7 por dólar pela primeira vez desde 2008, trazendo nervosismo aos negócios globais.
O movimento do PBoC hoje foi suficiente para pressionar as bolsas asiáticas, contaminando os ativos globais. Xangai e Tóquio caíram 0,3%, cada, enquanto Hong Kong oscilou em alta, com os negócios na região significativamente mais tímidos do que nos últimos dois dias. A negociação mais fraca reflete a postura defensiva dos investidores, que querem saber até onde pode ir o embate entre as duas maiores economias do mundo.
O problema é que com as eleições presidenciais dos EUA no radar, em 2020, o presidente Donald Trump pode querer prolongar o conflito até lá. Pequim também parece disposto a não solucionar a disputa, apostando na vitória de um candidato democrata. Assim, parece falsa a sensação de que a guerra comercial não irá piorar. Ao contrário, o conflito entrou em uma nova fase e a tendência é de que a situação entre as duas maiores economias do mundo deteriore mais, antes de melhorar.
Essa percepção atinge os negócios em Wall Street, que amanheceram oscilando, ora em alta, ora em baixa, sem saber qual direção seguir durante a sessão regular em Nova York. As praças europeias também titubeiam, mas tentam se firmar no campo positivo, amparadas pelos ganhos da véspera entre os índices acionários norte-americanos. Nos demais mercados, o dólar mede forças em relação às moedas rivais, enquanto o petróleo ensaia alta, à espera dos dados sobre os estoques semanais norte-americanos (11h30).
BCs mais agressivos
Sem qualquer sinal de trégua, os investidores tentam encontrar refúgio nos bancos centrais, apostando em um ciclo de cortes nos juros mais agressivos. Nesta madrugada, os BCs da Índia (RBI) e da Nova Zelândia (RBNZ) surpreenderam, ao promoverem cortes acima do esperado em suas respectivas taxas referenciais. Na Tailândia, ocorreu o primeiro corte nos juros em mais de quatro anos, de modo a impulsionar a economia.
Agora, a expectativa é de que o Federal Reserve também avance mais rápido, em direção a um ciclo de afrouxamento monetário - e não apenas um ajuste. A percepção é de que a demora nas negociações sino-americanas em direção a um acordo comercial leve o Fed a ter uma postura mais suave (“dovish”) nas próximas reuniões, dando continuidade à queda de 0,25 ponto anunciada em julho - e intensificando o movimento.
Leia Também
Com isso, merece atenção o discurso do presidente da distrital de Chicago do Fed, Charles Evans (13h), que podem dar pistas sobre os próximos passos da autoridade monetária. Ainda assim, o cenário segue extremamente incerto, gerando momentos de euforia à depressão no mercado financeiro. Ainda mais se Trump resolver postar alguma nova mensagem pela rede social.
À espera da Previdência
Por aqui, os mercados também estão atentos ao noticiário político. A Câmara aprovou ontem à noite, em segundo turno, o texto principal da reforma da Previdência, por 370 votos a favor e 124 contra. Houve uma abstenção. Os deputados ainda precisam apreciar os destaque, que podem modificar o projeto.
A oposição quer apresentar sete destaques hoje, que podem alterar o texto, suprimindo pontos já aprovados, como a nova regra para a pensão por morte. Novas inclusões, se ocorrerem só podem ser feitas durante a tramitação no Senado. O fato é que a Câmara já trata a questão das novas regras para aposentadoria como caso encerrado.
E isso pode ajudar a proteger os ativos locais do impacto mais imediato vindo do embate comercial entre EUA e China. A sensação é que o mercado doméstico está pronto para se descolar do ambiente externo mais adverso ao risco, mas é preciso ter algum motivo a mais para isso - relacionado ao ajuste fiscal e ao crescimento econômico.
Outra reforma
Encerrada as discussões da reforma da Previdência, o próximo passo no Congresso será tratar da reforma tributária e aprová-la tende a ser mais difícil do que a da Previdência, já que irá atingir uma parcela do empresariado brasileiro. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já cobrou empenho dos empresários para tratar da questão.
Desse modo, dificilmente haverá consenso em relação às concessões que precisam ser feitas para atualizar o sistema de impostos no país, diminuindo a desigualdade na cobrança dos encargos. A estratégia do governo para conseguir aprovar essa reforma foi a de não apresentar um projeto próprio, trabalhando em conjunto com o Legislativo.
Assim, a proposta de reforma tributária deve ser fruto de um consenso entre ambos os poderes. Mas, primeiro, o Palácio do Planalto quer ver a proposta de novas regras para aposentadoria aprovada no Senado, em duas votações, até o fim do mês que vem. Depois, então, é que outra reforma deve entrar em cena, mexendo com um “vespeiro” por vez.
Varejo é destaque na agenda
Na agenda econômica do dia, destaque para o desempenho das vendas no varejo em junho (9h). A expectativas são de números positivos, apontando crescimento nas duas bases de comparação, o que pode ajudar o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deste ano a ter um resultado estável ou levemente positivo.
Depois, às 12h30, merecem atenção os dados do fluxo cambial em julho, com o saldo das entradas e saídas de dólares do país. Os números são importantes para entender se a retirada de capital externo da Bolsa brasileira neste ano têm ampliado o déficit da conta financeira, pressionando o dólar - ou se tais recursos têm sido alocados em outros ativos.
Tal dinâmica é importante para entender o fôlego adicional dos negócios locais para seguir em frente, ou se, primeiro, caberá uma forte correção. Por mais que o mercado doméstico esteja querendo comprar mais risco, os investidores (locais e institucionais) sabem que é preciso algum apoio externo para isso.
Por que a JBS (JBSS3) anunciou um plano de investimento de US$ 2,5 bilhões em acordo com a Nigéria — e o que esperar das ações
O objetivo é desenvolver um plano de investimento de pouco mais de R$ 14,5 bilhões em cinco anos para a construção de seis fábricas no país africano
Vitória da Eletronuclear: Angra 1 recebe sinal verde para operar por mais 20 anos e bilhões em investimentos
O investimento total será de R$ 3,2 bilhões, com pagamentos de quatro parcelas de R$ 720 milhões nos primeiros quatro anos e um depósito de R$ 320 milhões em 2027
Angústia da espera: Ibovespa reage a plano estratégico e dividendos da Petrobras (PETR4) enquanto aguarda pacote de Haddad
Pacote fiscal é adiado para o início da semana que vem; ministro da Fazenda antecipa contingenciamento de mais de R$ 5 bilhões
Bolsa caindo à espera do pacote fiscal que nunca chega? Vale a pena manter ações na carteira, mas não qualquer uma
As ações brasileiras estão negociando por múltiplos que não víamos há anos. Isso significa que elas estão baratas, e qualquer anúncio de corte de gastos minimamente satisfatório, que reduza um pouco os riscos, os juros e o dólar, deveria fazer a bolsa engatar um forte rali de fim de ano.
Vale (VALE3) é a nova queridinha dos dividendos: mineradora supera Petrobras (PETR4) e se torna a maior vaca leiteira do Brasil no 3T24 — mas está longe do pódio mundial
A mineradora brasileira depositou mais de R$ 10 bilhões para os acionistas entre julho e setembro deste ano, de acordo com o relatório da gestora Janus Henderson
Regulação do mercado de carbono avança no Brasil, mas deixa de lado um dos setores que mais emite gases estufa no país
Projeto de Lei agora só precisa da sanção presidencial para começar a valer; entenda como vai funcionar
‘O rali ainda não acabou’: as ações desta construtora já saltam 35% no ano e podem subir ainda mais antes que 2024 termine, diz Itaú BBA
A performance bate de longe a do Ibovespa, que recua cerca de 4% no acumulado anual, e também supera o desempenho de outras construtoras que atuam no mesmo segmento
“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente
Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
Com dólar acima de R$ 5,80, Banco Central se diz preparado para atuar no câmbio, mas defende políticas para o equilíbrio fiscal
Ainda segundo o Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre, entidades do sistema podem ter de elevar provisões para perdas em 2025
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
Rali do Trump Trade acabou? Bitcoin (BTC) se estabiliza, mas analistas apontam eventos-chave para maior criptomoeda do mundo chegar aos US$ 200 mil
Mercado de criptomoedas se aproxima de uma encruzilhada: rumo ao topo ou a resultados medianos? Governo Trump pode ter a chave para o desfecho.
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
No G20 Social, Lula defende que governos rompam “dissonância” entre as vozes do mercado e das ruas e pede a países ricos que financiem preservação ambiental
Comentários de Lula foram feitos no encerramento do G20 Social, derivação do evento criada pelo governo brasileiro e que antecede reunião de cúpula