Mercado clama por corte de juros
Investidores apostam em cortes nos juros dos EUA e do Brasil, diante das preocupações com a guerra comercial e do otimismo com aprovação da reforma da Previdência

O mercado financeiro está necessitado de um corte de juros por parte dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil, para injetar liquidez nos negócios e gerar estímulos adicionais à economia. O colapso comercial entre Estados Unidos e China, com a tensão entre os dois países sendo um “novo normal”, e o otimismo com o cenário político em Brasília, alimentando esperança de aprovação da reforma da Previdência, dão motivos de sobra para a queda dos Fed Funds e da Selic neste ano.
Por isso, as atenções do dia se voltam para o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, pouco antes das 11h. Será importante observar na fala de “Jay” se o próximo passo da autoridade monetária na condução da taxa de juros será de queda, como prevê o mercado financeiro, diante do impacto da guerra comercial na economia dos EUA.
Ontem, o presidente da unidade de Saint Louis do Fed, James Bullard, foi o primeiro a sinalizar que um corte na taxa de juros do país pode acontecer “em breve”, dado o risco crescente ao crescimento econômico e também a fraca inflação. O problema é que Bullard parece se esquecer que o impacto nos EUA da tensão comercial é inflacionário.
Mesmo assim, a curva implícita dos EUA indica a chance de ao menos um corte nos juros norte-americanos ainda neste ano, mas apostas mais ousadas embutem a possibilidade de duas ou até três reduções até dezembro. Esse movimento refletiu dados mais fracos de atividade no país neste trimestre, indicando uma forte desaceleração ante o início de 2019.
Ao mesmo tempo, as chances de corte nos juros dos EUA também refletem a inversão da curva, após o rendimento (yield) do título norte-americano de 10 anos (T-note) ficar abaixo de 2,10%. Mas fica a dúvida se esse retorno menor pago por um dos ativos mais seguros no mundo não estaria indicando, primeiro, um movimento de aversão ao risco por causa da escalada comercial - antes de antecipar a ameaça de recessão na economia dos EUA.
Corta ou não corta?
Além do Fed, os sinais de fraqueza da atividade no Brasil, com a retomada econômica em um ritmo mais lento que o esperado, combinados com a queda nas expectativas de inflação fortalecem as apostas de corte na taxa básica de juros ainda em 2019. A curva a termo embute chances de duas quedas na Selic, nas duas últimas reuniões do Copom neste ano.
Leia Também
Ação da Casas Bahia (BHIA3) tomba mais de 10% após prejuízo acima do esperado: hora de pular fora do papel?
B3 (B3SA3) não precisa de rali da bolsa para se tornar atraente: a hora de investir é agora, diz BTG Pactual
Mas o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, manteve ontem o tom duro (“hawkish”) na fala, eliminando qualquer possibilidade de novas quedas. Segundo ele, o juro básico já está em um nível muito baixo e se a política monetária tem falhado em estimular a economia real, a solução não é afrouxar mais - apenas não subir a taxa tão logo.
Mas o ambiente político mais promissor sustenta o cenário de cortes na Selic, com os investidores avaliando que os riscos crescentes de o país entrar novamente em recessão elevaram o senso de urgência pelas reformas, favorecendo uma melhor coordenação entre os poderes. Há, então, o otimismo na aprovação de uma reforma da Previdência eficaz.
Porém, mesmo que regras duras para aposentadoria sejam aprovadas, o BC deve manter a cautela até decidir se vai (ou não) cortar a Selic. Afinal, já tem sido bradado aos quatro ventos que só a nova Previdência não irá colocar o Brasil no caminho do crescimento sustentável - ainda mais se o texto aprovado for visto pelo mercado como insuficiente.
Por outro lado, se passar algo acima de R$ 700 bilhões de economia fiscal em dez anos, há espaço para ajustar os ativos locais. Mas o fôlego de alta da Bolsa brasileira, bem como o terreno para queda dos juros e do dólar, vai depender da agenda de reformas do governo - que, segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, até agora não foi apresentada.
No Senado, a aprovação da Medida Provisória (MP) que autoriza um pente-fino nos benefícios da Previdência Social (INSS) foi aprovada horas antes de caducar. Em troca, porém, o governo negociou com a oposição mudanças no texto da reforma da Previdência que tramita na Câmara, ampliando o prazo de adaptação dos trabalhadores rurais.
Dia positivo
Enquanto Wall Street e os negócios locais mantêm a expectativa por cortes nos juros norte-americano e brasileiro, o Banco Central da Austrália (RBA) não gerou suspense e corte a taxa básica pela primeira vez em quase três anos, em 0,25 ponto percentual (pp), a 1,25%. Alguns economistas esperavam queda maior, de 0,50pp, mas só em 2020.
Segundo o RBA, a decisão de reduzir o custo do empréstimo no país visa ofuscar os efeitos da tensão global no comércio e da desaceleração econômica na China. Em reação, a Bolsa de Sydney encerrou o dia com alta de 0,2%, ao passo que o dólar australiano ganha terreno em relação ao xará norte-americano.
Já na Ásia, as principais bolsas da região encerraram o dia em queda, em meio à preocupação dos investidores com a guerra comercial. Xangai liderou as perdas, caindo quase 1%, enquanto Hong Kong cedeu 0,5% e Tóquio ficou de lado (-0,01%). No Ocidente, os índices futuros das bolsas de Nova York sobem, mas a Europa não tem direção definida.
Mas a troca de farpas entre EUA e China continuou, com autoridades norte-americanas afirmando que Pequim não está dizendo a verdade em relação ao recente fracasso nas negociações comerciais, culpando os chineses pelo retrocesso em promessas feitas, paralisando as conversas entre as partes.
Nos demais mercados, o petróleo segue em queda, enquanto o dólar mede forças em relação às moedas rivais, com a T-note ainda abaixo de 2,10%. Mas o movimento do dia nos ativos globais vai depender do tom da fala de Powell, à medida que os investidores estão convencidos de que o Fed deve cortar os juros antes do fim do ano.
Além do Powell, indústria em destaque
A agenda econômica desta terça-feira traz como destaque, no Brasil, o desempenho da indústria em abril. Os dados serão conhecidos às 9h e pode lançar luz sobre o ritmo da atividade na virada para o segundo trimestre, após mostrar retração no início deste ano. As expectativas são mais otimistas, com altas de 0,5% ante março e +1,00% em base anual.
No exterior, além do discurso do Powell, saem as encomendas às fábricas nos EUA em abril (11h). Logo cedo, a zona do euro informa a leitura preliminar de maio sobre a inflação ao consumidor (CPI) e a taxa de desemprego na região da moeda única em abril. No fim do dia, serão conhecidos dados de atividade no setor de serviços no Japão e na China.
As Sete Magníficas viraram as Sete Malévolas: Goldman Sachs corta projeções para a bolsa dos EUA
O banco reduziu as previsões para o S&P 500, o índice mais amplo da bolsa de Nova York, citando preocupações com o grupo formado por Amazon, Alphabet, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla
Bateu Azzas (AZZA3) e não voou: ações lideram perdas do Ibovespa após balanço fraco. O que desagradou o mercado?
A varejista registrou uma queda de 35,8% no lucro líquido do quarto trimestre de 2024 na comparação anual, para R$ 168,9 milhões. Veja os destaques do balanço
Americanas (AMER3) cobra indenização de ex-CEO e diretores acusados de fraude em novo processo arbitral; ações sobem na B3
O objetivo da ação é “ser integralmente ressarcida de todos os danos materiais e imateriais sofridos em decorrência dos atos ilícitos praticados”, segundo a varejista
Sem exceções: Ibovespa reage à guerra comercial de Trump em dia de dados de inflação no Brasil e nos EUA
Analistas projetam aceleração do IPCA no Brasil e desaceleração da inflação ao consumidor norte-americano em fevereiro
PGBL ou VGBL? Veja quanto dinheiro você ‘deixa na mesa’ ao escolher o tipo de plano de previdência errado
Investir em PGBL não é para todo mundo, mas para quem tem essa oportunidade, o aporte errado em VGBL pode custar caro; confira a simulação
É o fim da “era de ouro” da renda fixa? Investidores sacam quase R$ 10 bilhões em fundos em fevereiro — mas outra classe teve performance ainda pior, diz Anbima
Apesar da performance negativa no mês passado, os fundos de renda fixa ainda mantêm captação líquida positiva de R$ 32,2 bilhões no primeiro bimestre de 2025
A bolsa americana já era? Citi muda estratégia e diz que é hora de comprar ações da China
Modelo do banco dispara alerta e provoca mudança na estratégia; saiba o que pode fazer o mercado dos EUA brilhar de novo
Por que as ações da Pague Menos (PGMN3) chegam a cair mais de 10% na B3 mesmo com lucro maior no 4T24?
A rede de farmácias teve um lucro líquido de R$ 77,1 milhões no último trimestre de 2024, avanço de 22,8% em relação ao mesmo período de 2023
Trump dá uma banana para o mercado e anuncia mais tarifas: bolsa de NY volta a cair e leva o Ibovespa
O presidente norte-americano usou a rede social Truth Social para anunciar tarifas totais de 50% sobre o aço e o alumínio do Canadá. Seis horas depois, voltou atrás — mas foi por um bom motivo
Elon Musk está mais “pobre” por causa de Trump: fortuna encolhe em US$ 29 bilhões em 24h com derrocada das ações da Tesla
As ações da fabricante de carros elétricos despencaram 15% na segunda-feira (10), mas o presidente norte-americano já achou uma solução para ajudar o bilionário: comprar um Tesla novinho
Rede D’Or (RDOR3) cai na B3 com balanço mais fraco que o esperado no 4T24 — mas segue como a ação favorita dos analistas em saúde
O desempenho negativo dos papéis hoje acompanha a frustração dos investidores com a performance do segmento de hospitais; veja o que desagradou o mercado
AgroGalaxy (AGXY3): Justiça marca assembleia de credores, com plano de recuperação judicial e dívidas de mais de R$ 4 bilhões em pauta
A convocação ocorre após 80 credores apresentarem objeções ao plano de recuperação judicial da AgroGalaxy; veja o que determinou a Justiça
Decisão polêmica: Ibovespa busca recuperação depois de temor de recessão nos EUA derrubar bolsas ao redor do mundo
Temores de uma recessão nos EUA provocaram uma forte queda em Wall Street e lançaram o dólar de volta à faixa de R$ 5,85
Bitcoin (BTC) no caixa é só um dos pilares da estratégia do Méliuz (CASH3) para reconquistar atenção para as ações após drenagem de liquidez
Ao Seu Dinheiro, o fundador Israel Salmen conta que quer reduzir a dependência das plataformas de e-commerce e apostar em um novo mercado; confira a entrevista na íntegra
Stuhlberger tem bola de cristal? Verde foge do risco e zera parte importante da alocação em bolsa — e a culpa é de Trump
Sobre o Brasil, a equipe de gestores do fundo diz que a piora sensível dos indicadores de Lula, e “a aparente incapacidade de mudar a trajetória do governo, vide a recente reforma ministerial, antecipam as discussões” eleitorais de 2026
Trump, o agente do caos que derrubou as bolsas mundo afora
Wall Street assustou muito investidor por aí nesta segunda-feira (10) — mas só aqueles que não se lembram do primeiro governo Trump
BofA recomenda WEG (WEGE3) e outras 5 ações para aproveitar o próximo bull market da bolsa (assim que ele vier)
Para os analistas, os investidores deveriam estar de olho nas boas oportunidades em ações para lucrar no bull market da B3, assim que ele se materializar; veja as indicações do banco
Rio Bravo abocanha gestora com mais de R$ 500 milhões em fundos imobiliários — e avisa que vêm mais aquisições por aí
Além da comprar uma parceira do mercado, a Rio Bravo anunciou que segue atenta a novas oportunidades de aquisição
A lua de mel do mercado com Trump acabou? Bolsa de Nova York cai forte e arrasta Ibovespa com o temor de recessão no radar
Saiba o que fazer com os seus investimentos; especialistas dizem se há motivo para pânico e se chegou a hora de comprar ou vender ativos nos EUA
Magazine Luiza (MGLU3) reorganiza lideranças sob o comando de André Fatala, com foco na expansão do digital
Na visão da varejista, essa nova estrutura será importante para acelerar o crescimento e fortalecer os serviços para parceiros e vendedores