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Fernanda Lopes
Fernanda Lopes
Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP). Tem experiência como pesquisadora e redatora.
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Onde investir em dezembro? BR Partners (BRBI11), Kinea Rendimentos (KNCR11), Apple (AAPL34) e mais 

A jornalista Paula Comassetto entrevistou analistas de diversas classes de ativos a respeito das perspectivas de investimento para dezembro

Fernanda Lopes
Fernanda Lopes
4 de dezembro de 2024
18:00 - atualizado às 16:55
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"O mercado é um dispositivo para transferir dinheiro dos impacientes para os pacientes", enuncia a famosa citação atribuída a Warren Buffet. E se o “Mago de Omaha” tem razão, há prosperidade no caminho dos investidores brasileiros – porque os últimos meses foram um verdadeiro teste de paciência.

O evento mais esperado do ano praticamente dispensa explicações. O mercado brasileiro aguardou com ansiedade o anúncio do ajuste fiscal pelo governo ao longo do mês de novembro. 

As medidas, anunciadas no último dia 27 pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não animaram os investidores. O Ibovespa caiu 2,4% no dia seguinte ao anúncio, e o dólar valorizou 1,28% frente ao real. 

Mas, apesar do “balde de água fria” do ajuste fiscal, nem tudo está perdido. “A situação de fato é complexa, mas não tanto quanto a reação do mercado faz parecer”, afirmou a analista Larissa Quaresma em entrevista à edição de dezembro do programa Onde Investir, no YouTube do Seu Dinheiro.

Larissa foi uma das analistas convidadas para discutir o atual cenário do mercado brasileiro e recomendar suas top picks para o momento. Confira, a seguir, os melhores momentos do programa, ou assista o conteúdo na íntegra abaixo:

Ações: ‘O mercado precisa de um choque de confiança’

Larissa Quaresma abriu o programa comentando as perspectivas para as ações brasileiras. Segundo a analista, a sensação que ficou após a divulgação das medidas de ajuste fiscal é que o mercado precisa de um choque de confiança do governo.

“O pacote de ajustes de gastos veio na direção correta, mas com uma comunicação e com uma magnitude insuficiente para reconquistar a confiança na política fiscal", defende Larissa. Ela explica que as ações não reduzem diretamente as despesas, mas limitam o ritmo de aumento dos gastos nos próximos anos.

Desta forma, o sucesso do ajuste fiscal depende da execução “perfeita” mas medidas – especialmente no rigor da concessão de benefícios sociais, como o Bolsa Família.

O mau humor do mercado também é explicado pela proposta de isenção de Imposto de Renda de pessoas físicas com rendimentos de até R$ 5 mil por mês. “Não é um problema em si, mas precisa vir junto de uma medida de compensação fiscal, que não é tão fácil quanto a que foi proposta", opina Larissa Quaresma. “Tudo isso não foi suficiente para construir confiança.”

Mas a situação não é tão desesperadora quanto pode parecer. Como o pacote de ajustes ainda depende da aprovação do Congresso Nacional, é possível que a proposta inicial ainda sofra mudanças.

“E o governo precisa começar a mostrar resultado fiscal. Já foi entendido que o mercado não tolera meta fiscal atingida com ‘puxadinho'”, disse Larissa.

Mas, enquanto as medidas não surtem efeito, quem sofre é a taxa de juros. Segundo a analista, já é consensual no mercado que a Selic deve subir 0,75% na próxima reunião do Copom, que acontece na quarta-feira (11). Mas um aumento de juros maior do que este não está no radar por enquanto, segundo Larissa.

E, apesar da volatilidade, Larissa crava: “Esse é um ótimo momento para comprar ações brasileiras”. A analista explica que muitas empresas de qualidade estão sendo negociadas a preços extremamente descontados, o que oferece um potencial de retorno elevado para quem souber fazer uma boa seleção de ativos.

Nesse contexto, Larissa adicionou uma empresa do setor financeiro à sua carteira mensal, na intenção de tornar o portfólio mais defensivo. 

Com valuation atrativo, Retorno sobre Patrimônio líquido acima de 20% ao ano e pagamento de dividendos extraordinários no radar, BR Partners (BRBI11) é a principal escolha do mês da analista. A ação é uma das 10 recomendações da carteira mensal de ações brasileiras de Larissa Quaresma

Dividendos: ‘É importante ter uma carteira blindada’

O segundo bloco do Onde Investir em Dezembro contou com a presença do analista Ruy Hungria, especialista em dividendos da Empiricus.

Ruy ecoou as palavras de Larissa Quaresma e afirmou acreditar na possibilidade de novos ajustes fiscais no futuro, medida essa que seria capaz de atenuar a trajetória de alta da Selic. “Mas é difícil dizer a priori o que vai acontecer. É sempre importante ter uma carteira que consiga se blindar nesses cenários negativos", recomendou o analista.

E é aí que entram as empresas pagadoras de dividendos, segundo ele. “Elas normalmente têm boa geração de caixa, são menos endividadas, não precisam investir muito em crescimento… O cenário acaba afetando menos as pagadoras de dividendos”, disse.

Além disso, em um cenário de recuperação do mercado, o investidor pode se beneficiar das altas, aproveitando, ao mesmo tempo, a remuneração recorrente na forma de dividendos.

Portanto, agora é um bom momento para se expôr a esse tipo de ativo, segundo o analista. Assim, é possível aumentar a defensividade de um portfólio, sem abrir mão de investir no mercado de ações. 

Diante dessa oportunidade, o destaque do mês na carteira de pagadoras de dividendos da Empiricus é a Direcional (DIRR3)

A ação foi escolhida a dedo por conta de um diferencial: por trabalhar com o segmento “Minha Casa Minha Vida”, a construtora é menos afetada pelo aumento dos juros, que costuma coibir financiamentos e afetar os rendimentos de empresas da construção civil.

Fundos imobiliários: ‘Reação exagerada do mercado’

Para comentar o cenário de fundos imobiliários, Caio Araujo, analista especializado no tema, participou do terceiro bloco do programa.

Na visão dele, o Ifix, principal índice da classe de fundos imobiliários, caminhou bem por boa parte do mês de novembro, mas a decepção do mercado diante da proposta de ajuste fiscal também respingou no mercado de FIIs.

Além disso, a perspectiva de novos aumentos na taxa Selic também contribuiu para o pessimismo entre os investidores, e o Ifix fechou o mês em queda de quase 2%. 

Apesar do cenário sombrio, Caio salienta a necessidade de manter a calma e não tomar decisões extremas. “Em determinados fundos, houve uma reação exagerada do mercado em termos de penalização das cotas", argumentou. 

“Quando a gente olha para o mercado imobiliário, vemos um setor saudável. A ‘foto’ hoje do portfólio dos fundos é boa, e existe oportunidade em algumas classes, só que com uma restrição de custo de oportunidade um pouco maior.”

Por conta disso, é preciso ter atenção ao selecionar os fundos que irão compor seu portfólio, ficando atento à alocação, se posicionando em setores resilientes, e escolhendo fundos com baixa alavancagem.

Considerando estes pontos de destaque, o top pick de Caio para dezembro é o Kinea Rendimentos (KNCR11), um FII de crédito high grade, com alta liquidez e indexado ao CDI (taxa média de CDI + 2,2%). 

“Isso se traduz em proventos atrelados ao referencial, então com a projeção de aumento da Selic, esse fundo tende a aumentar os proventos ao longo dos próximos meses", explica o analista.

Ações internacionais: ‘Podemos ter um rali de final de ano’

O penúltimo bloco da edição de dezembro do Onde Investir foi dedicado às ações internacionais, com participação do analista Enzo Pacheco.

Enquanto os ativos de risco no Brasil patinam, a situação é bem diferente lá fora. O S&P 500 deve fechar 2024 com uma valorização de mais de 20% pelo segundo ano consecutivo, e o cenário é tão positivo que Enzo acredita na possibilidade de um rali de fim de ano.

A eleição de Donald Trump e a nomeação de Scott Benson como secretário do Tesouro foram bem recebidas pelo mercado. Além disso, a expectativa de novos cortes de juros adiciona ainda mais otimismo para as ações americanas.

Por conta disso, agora é um bom momento para se expôr a esse mercado. “Mesmo com a forte  valorização dos mercados internacionais, você ainda encontra oportunidades de empresas negociando a patamares atrativos", comentou o analista.

Para dezembro, Enzo Pacheco adicionou ações da Apple (AAPPL34). Uma das principais big techs do mundo, a Apple negocia a patamares um pouco mais elevados do que a média do mercado, mas, segundo o analista, o preço se justifica.

Além disso, a pressão positiva da Black Friday nas vendas dos produtos de tecnologia e a adição de inteligência artificial nos novos modelos de iPhone podem beneficiar o desempenho da Apple nos próximos meses.

Criptomoedas: ‘Corrida ao ouro’

O bloco final do programa contou com a presença de Valter Rebelo, especialista em ativos digitais da Empiricus.

Valter é direto ao constatar que o Bitcoin é o grande vencedor de 2024. O bom desempenho da maior criptomoeda do mundo tem a ver, segundo o especialista, com fatores diversos, mas dois se destacam: 

  1. A aprovação dos ETFs; e  
  2. A eleição de Donald Trump, um presidente pró-cripto.

Como consequência, o Bitcoin se aproxima da marca dos US$ 100 mil e o especialista acredita que há um acontecimento no radar capaz de impulsionar ainda mais a sua valorização: o Bitcoin Act.

A proposta, introduzida no Congresso americano, prevê a compra de 5% da oferta circulante de Bitcoin pelo Tesouro Nacional dos Estados Unidos e sua conservação nos cofres do Estado por 20 anos.

“No momento que você tem a maior nação do mundo falando ‘vai ter Bitcoin legalizado como uma reserva de valor', você vai criar uma corrida ao ouro. Quem entrar antes, vai ganhar", afirma Valter Rebelo. “Isso vai criar uma abertura para criptoativos que antes a gente não tinha."

O especialista também salienta que, apesar das recentes altas, ainda dá tempo de comprar Bitcoin – o tamanho da exposição pode variar de acordo com o apetite a risco do investidor.

Para os mais arrojados, Valter recomenda ainda uma outra criptomoeda: o token Ethervista (VISTA) está na rede Ethereum, e se aproveita de um setor que atrai muito volume no mundo das criptomoedas, oferecendo estrutura para criação de memecoins.

A criptomoeda é pouco conhecida e bastante arriscada, mas com alto potencial de valorização. “É o tipo de coisa que, se você for investir, você tem que botar muito pouco dinheiro.”

Confira todas as recomendações a íntegra

Para saber mais sobre as perspectivas para o mês e as top picks de cada classe de ativo, veja o Onde Investir em Dezembro.

O programa está disponível no canal do YouTube do Seu Dinheiro, e você pode assistir abaixo:

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